Nos últimos dias acompanhamos diversas e intensas manifestações espalhadas
pelo Brasil, a princípio que reivindicavam o cancelamento da passagem de
ônibus, ou a diminuição da tarifa. Contudo houve vários desdobramentos, onde
resultou a criação de frases como “o gigante acordou” e “vem pra rua”, que se
transformaram em jargões positivos e importantes na curta vida de participação
da população na democracia, em especial nesse momento de protestos de
diferentes grupos que compõe a sociedade brasileira.
Apesar, no entanto, da boa intenção e da legitimidade das manifestações, pareceu-me
que certo descompasso houve no decorrer dos protestos. Apesar da grande
participação de uma parcela predominantemente jovem que somado reuniu milhões nas
diferentes cidades do País, tive a impressão com o passar dos protestos de
certo ar arcaico de alguma forma sendo disputado pelo novo, diferente, inovador
e necessário.
A pauta que primeiramente tratava se da redução das tarifas de ônibus,
mobilizou, no começo - em São Paulo–SP -, diversos movimentos denominados de
esquerda em sua orientação política, o que resultou por parte dos meios de
comunicação dominantes críticas repetitivas e duras. No entanto, com a adesão
de parcelas de juventudes preocupadas com outras pautas, os meios de
comunicação mudaram o discurso e começaram a proclamar o ressurgimento do povo,
ou, o levante dos sonolentos. Um movimento que, como tantos outros, construído
historicamente por organizações de esquerda, se viram sendo dominados e reféns
de um conjunto de manifestantes, politicamente denominados, segundo sua
orientação política de direita, que ao mesmo tempo em que pediam em seus
cartazes o fim de tributos e a realização das privatizações de empresas
públicas, colocavam em outros cartazes, reinvindicações acerca de melhora dos
investimentos públicos em saúde e educação.
As manifestações, sem dúvida,
marcaram um momento importante na vida política do país. Em certa medida o “vem
pra rua” demonstra uma descrença no Estado como principal provedor de serviços
fundamentais para vida como: saúde e educação, como também uma intolerância e
falta de prestígio na representação política alocada nas figuras dos deputados,
senadores e similares, taxados de corruptos. Apesar, segundo eu, de uma tendência
que se desenhou das manifestações de cunho conservador e reacionário, pós a
conquista de um valor menor das tarifas de ônibus, testemunhamos nesses
protestos uma massa sedenta por justiça, quiçá esquerda ou direita, mais ainda,
por um país melhor.
Os protestos retrataram um país historicamente sofrido e uma humanidade
extremamente inconsistente politicamente, resultado de uma sociedade
capitalista decadente, em que se utiliza de diferentes meios para se perpetuar
ideologicamente. Ir para rua é sinônimo de participação, apesar da propaganda
do “acordou”, muita gente antes já havia despertado para luta, e há muito já
organizava manifestações e ações que tornassem o Brasil um país justo e melhor.
Daqui em diante, medidas, futuro das mobilizações, estarão em pauta, como por
exemplo, a Reforma Política. O bom, resumidamente desta disputa pelas ruas e
pelos projetos políticos intrínsecos nas manifestações, é o possibilidade de
termos daqui para frente mecanismos de maior participação do povo nos rumos
políticos do nosso país.
Nenhum comentário:
Postar um comentário