sábado, 6 de julho de 2013

#VEM PRA RUA?

Por Rudá Moraes Gandin

Nos últimos dias acompanhamos diversas e intensas manifestações espalhadas pelo Brasil, a princípio que reivindicavam o cancelamento da passagem de ônibus, ou a diminuição da tarifa. Contudo houve vários desdobramentos, onde resultou a criação de frases como “o gigante acordou” e “vem pra rua”, que se transformaram em jargões positivos e importantes na curta vida de participação da população na democracia, em especial nesse momento de protestos de diferentes grupos que compõe a sociedade brasileira.
Apesar, no entanto, da boa intenção e da legitimidade das manifestações, pareceu-me que certo descompasso houve no decorrer dos protestos. Apesar da grande participação de uma parcela predominantemente jovem que somado reuniu milhões nas diferentes cidades do País, tive a impressão com o passar dos protestos de certo ar arcaico de alguma forma sendo disputado pelo novo, diferente, inovador e necessário.
A pauta que primeiramente tratava se da redução das tarifas de ônibus, mobilizou, no começo - em São Paulo–SP -, diversos movimentos denominados de esquerda em sua orientação política, o que resultou por parte dos meios de comunicação dominantes críticas repetitivas e duras. No entanto, com a adesão de parcelas de juventudes preocupadas com outras pautas, os meios de comunicação mudaram o discurso e começaram a proclamar o ressurgimento do povo, ou, o levante dos sonolentos. Um movimento que, como tantos outros, construído historicamente por organizações de esquerda, se viram sendo dominados e reféns de um conjunto de manifestantes, politicamente denominados, segundo sua orientação política de direita, que ao mesmo tempo em que pediam em seus cartazes o fim de tributos e a realização das privatizações de empresas públicas, colocavam em outros cartazes, reinvindicações acerca de melhora dos investimentos públicos em saúde e educação.
  As manifestações, sem dúvida, marcaram um momento importante na vida política do país. Em certa medida o “vem pra rua” demonstra uma descrença no Estado como principal provedor de serviços fundamentais para vida como: saúde e educação, como também uma intolerância e falta de prestígio na representação política alocada nas figuras dos deputados, senadores e similares, taxados de corruptos. Apesar, segundo eu, de uma tendência que se desenhou das manifestações de cunho conservador e reacionário, pós a conquista de um valor menor das tarifas de ônibus, testemunhamos nesses protestos uma massa sedenta por justiça, quiçá esquerda ou direita, mais ainda, por um país melhor.

Os protestos retrataram um país historicamente sofrido e uma humanidade extremamente inconsistente politicamente, resultado de uma sociedade capitalista decadente, em que se utiliza de diferentes meios para se perpetuar ideologicamente. Ir para rua é sinônimo de participação, apesar da propaganda do “acordou”, muita gente antes já havia despertado para luta, e há muito já organizava manifestações e ações que tornassem o Brasil um país justo e melhor. Daqui em diante, medidas, futuro das mobilizações, estarão em pauta, como por exemplo, a Reforma Política. O bom, resumidamente desta disputa pelas ruas e pelos projetos políticos intrínsecos nas manifestações, é o possibilidade de termos daqui para frente mecanismos de maior participação do povo nos rumos políticos do nosso país. 

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